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sábado, 7 de agosto de 2010

CIÊNCIA E FÉ – Parte I


“A fé e a razão são as duas asas com as quais o espírito humano alça vôo para contemplar a verdade” (João Paulo II, Fides et ratio, 1)


“A ciência verdadeira contrariamente a arriscadas afirmações do século passado, quanto mais avança tanto mais descobre Deus, como se Ele estivesse vigiando à espera, por trás de cada porta que a ciência abre...”. (Pio XII, 1951)


Papa Pio XII na encíclica “Humani generis” de 12.08.1950:



“O Magistério da Igreja não proíbe que, em conformidade com o atual estado das ciências e da teologia, seja objeto de pesquisas e de discussões, por parte dos competentes em ambos os campos, a doutrina do evolucionismo, enquanto ela investiga a origem do corpo humano, que proviria de matéria orgânica preexistente (a fé católica nos obriga a professar que as almas são criadas imediatamente por Deus). Isto, porém, deve ser feito de tal maneira que as razões das duas opiniões, isto é, da que é favorável e da que é contrária ao evolucionismo, sejam ponderadas e julgadas com a necessária seriedade, moderação, justa medida e contanto que todos estejam dispostos a se sujeitarem ao juízo da Igreja, à qual Cristo confiou o ofício de interpretar autenticamente a S. Escritura e de defender os dogmas da fé”.

Cientistas ateus: Daniel Dennett, Richard Dawkins, Sam Harris, e outros.

Dr. Francis Collins, Diretor do “Projeto Genoma Humano”, dos EUA. Em 2001, foi responsável pelo mapeamento do DNA humano. É o cientista que mais rastreou genes com vistas ao tratamento de doenças em todo o mundo, autor do livro “The Language of God” (A Linguagem de Deus), conta como deixou de ser “ateu insolente” para se tornar cristão aos 27 anos e narra as dificuldades que enfrentou no meio acadêmico ao revelar sua fé. Ele afirma:

“Os cientistas ateus, que acreditam apenas na teoria da evolução e negam todo o resto, sofrem de excesso de confiança. Na visão desses cientistas, hoje adquirimos tanta sabedoria a respeito da evolução e de como a vida se formou que simplesmente não precisamos mais de Deus. O que deve ficar claro é que as sociedades necessitam tanto da religião como da ciência. Elas não são incompatíveis, mas sim complementares. A ciência investiga o mundo natural. Deus pertence a outra esfera. Deus está além do mundo natural”. (Revista Veja, Edição n. 1992 de 24 jan 07)

“Essa perspectiva de Dawkins é cheia de presunção. Eu acredito que o ateísmo é a mais irracional das escolhas”.

“Eu acredito na Ressurreição. Também acredito na Virgem Maria e em milagres. A questão dos milagres está relacionada à forma como se acredita em Deus. Se uma pessoa crê e reconhece que Ele estabeleceu as leis da natureza e está pelo menos em parte fora dessa natureza, então é totalmente aceitável que esse Deus seja capaz de intervir no mundo natural”.

A PALAVRA DA IGREJA

Constituição Pastoral Gaudium et Spes : “Se a pesquisa metódica, em todas as ciências, proceder de maneira verdadeiramente científica e segundo as leis morais, na realidade nunca será oposta à fé: tanto as realidades profanas quanto as da fé originam-se do mesmo Deus. Mais ainda: Aquele que tenta perscrutar com humildade e perseverança os segredos das coisas, ainda que disto não tome consciência, é como que conduzido pela mão de Deus, que sustenta todas as coisas, fazendo que elas sejam o que são.” (GS, 36)

S. Agostinho quem o diz: Sermão, 126,3: "Eleva o olhar racional, usa os olhos como homem, contempla o céu e a terra, os ornamentos do céu, a fecundidade da terra, o voar das aves, o nadar dos peixes, a força das sementes, a su¬cessão das estações. Considera bem os seres criados e busca o seu Criador. Presta atenção no que vês e procura quem não vês. Crê naque¬le que não vês, por causa das realidades que vês. E não julgues que é pelo meu sermão que és assim exortado. Ouve o Apóstolo que diz: “As perfeições invisíveis de Deus tornaram-se visíveis, desde a criação do mundo, pelos seres por ele criados” (Rom 1,20).

Concilio Vaticano I (1870) afirmou o conhecimento natural de Deus, contra a agnosticismo, o fideísmo e o tradicionalismo:

“A mesma santa Mãe Igreja sustenta e ensi¬na que Deus, princípio e fim de todas as coisas, pode ser conhecido com certeza pela luz natural da razão humana a partir das coisas criadas, “pois sua realidade invisível tornou-se inteligível desde a criação do mun¬do, através das criaturas"' (Rm 1,20).( Dz 1785 – Dz S 3004)


E contra o racionalismo:

"Todavia, aprouve à sua sabedoria e bonda¬de revelar ao gênero humano, por outra via, sobrenatural, a Si mes¬mo e os eternos desígnios de sua vontade, como diz o Apóstolo: “Outro¬ra, muitas vezes e de muitas modos, Deus falou aos pais pelas Profetas; no período final, em que estamos, Ele nos falou pelo Filho" (Hb 1,1-2). (Dz 1785- DzS 3004)


E o Concílio mostrou a harmonia entre a fé e a razão:

"Na verdade, quando a razão, iluminada pela fé, busca, cuidadosamente, com piedade e prudência, então consegue, com a ajuda de Deus, uma certa inteligência muito frutuosa dos mistérios, seja pela analogia com que conheço pela via natural, seja pela cone¬xão de uns mistérios com outros e com o fim último do homem; contudo, nunca chegará a penetrar neles como verdades que constituem seu ob¬jeto próprio. Pois os mistérios divinos, por sua natureza, ultrapassam tanto a inteligência criada que, mesmo transmitidas pela revelação e aceitos pela fé; continuam, contudo, recobertos pelo véu da fé e como que envol¬tos em certa obscuridade, enquanto nesta vida mortal “peregrinamos para o Senhor; pois caminhamos na fé e não na visão” (2Cor 5,65)". (Dz 1796- DzS 3016)


"Não só a fé e a razão nunca podem entre si discordar, mas elas se auxiliam mutuamente. Eis que a reta razão demonstra os fundamentos da fé e, iluminada com a luz da fé, se dedica à ciência das coisas divinas. Também a fé livra e protege a razão de erros e a instrui com múltiplos conhecimentos. Pelo que, longe de por obstácu¬los ao cultivo das artes e disciplinas humanas, a fé as ajuda e promove de muitas formas. Pois não ignora nem desconsidera (a Igreja) as vanta¬gens que delas dimanam para a vida humana; mais, confessa-as como sendo “de Deus, Senhor das ciências” (IRs 2,3); conduzem a Deus como ajuda da graça, se tratadas convenientemente. A Igreja não proíbe que essas disciplinas, cada qual em sou campo, utilizam os princípios e méto¬dos que lhes são próprias; mas, reconhecendo esta justa liberdade, com cuidado rigoroso procura evitar que nelas se introduzam erros contrários ao ensino divino ou que, ultrapassando suas próprias fronteiras, invadam e perturbem o campo da fé". (Dz 1799- DzS 3019)

“Define-se o racionalismo como consta do Sílabo de Pio IX:

“É a doutrina segundo a qual a razão humana é o árbitro do verdadeiro e do falso, do bem e do mal, sem qualquer consideração a Deus. Ela é lei para si mesma, e, por suas capacidades naturais, basta para prover ao bem dos homens e dos povos”. (Dz 1703 – DzS 2903).

Conforme o Concílio do Vaticano I, o racionalismo absoluto é a doutrina segundo a qual “a razão humana é tão independente que Deus não lhe pode exigir a fé” (Dz 1610 – DzS 3031), donde, não haver lugar para a revelação divina. O princípio do racionalismo é o da absoluta autonomia da razão. Como supremo árbitro, a razão deve julgar o que é verdade, o que é falso ou simplesmente simbólico na Escritura Sagrada” (idib. P. 201).


Academias Pontifícias do Vaticano:

Pontifícia Academia das Ciências

Pontifícia Academia das Ciências Sociais

Pontifícia Academia Para a Vida

- 29 Prêmios Nobel



Papa João Paulo II, em 24 de outubro de 2004, nomeou dois cientistas, pioneiros da física, para membros da Academia Pontifícia das Ciências, do Vaticano:

1 – Dr. William D. Phillips, professor de Física na Universidade de Maryland, líder do Grupo de esfriamento com laser da Divisão de Física Atômica do “National Institute of Standards and Technology” (NIST) de Gaithersburg (Estados Unidos). Em 1997 recebeu o Prêmio Nobel em Física.



2 - Professor de origem indiana Dr. Veerabhadran (Ram) Ramanatham, nascido em Chennai (Índia), é professor de ciências da atmosfera na Universidade da Califórnia (San Diego) e diretor do Centro para as Ciências da Atmosfera da “Scripps Institution of Oceanography”, La Jolla (Estados Unidos).

Encíclica Fé e razão – Papa João Paulo II

Cientificismo - só valoriza as teses das ciências positivas e nenospreza o conhecimento religioso e o saber ético: estes seriam do domínio da imaginação ou do irracional. A conseqüência desta posição é que tudo quanto se pode realizar no plano da tecnologia é admissível no plano da Moral (Cf. nº 88).

Pragmatismo - que tudo julga em função da sua utilidade ou de suas aplicações práticas excluindo o recurso a reflexões abstratas e avaliações éticas. Estas concepções tem tido muita voga na política: há certas formas de democracia que julgam a viabilidade ética de determinado comportamento com base apenas no voto da maioria parlamentar: a vida humana é valorizada tão somente pela sua capacidade de produzir e servir; donde se seguem a legalização do aborto e da eutanásia (Cf. n. 89).


Niilismo - que é a negação de qualquer verdade objetiva e a destruição da dignidade humana; a pessoa é assim levada ao desespero da solidão (Cf. n. 90).


"Pós-modernidade” com que alguns pensadores designam a nossa época. Para alguns filósofos, quer dizer que "o tempo das certezas está irremediavelmente ultrapassado, de modo que o homem deveria viver num mundo de total ausência de sentido, onde tudo é provisório e efêmero; assim, estariam extintas até mesmo as certezas da fé (Cf. n0- 91).


Diz o Papa:

“lludindo-o, vários sistemas filosóficos convenceram-no de que ele é senhor absoluto de si mesmo, que pode decidir autonomamente sobre o seu destino e a seu futuro, confiando apenas em si próprio e nas suas forças. Ora esta nunca poderá ser a grandeza do homem. Para a sua realização, será determinante apenas a opção de viver na verdade, construindo a própria casa à sombra da Sabedoria e nela habitando. Só neste horizonte da verdade poderá compreender, com toda a clareza, a sua liberdade e a sua vocação ao amor e ao conhecimento de Deus como suprema realização de si mesma" (nº 107).

Cientistas e a Fé

Dr. Adolf Butenandt, prêmio Nobel em Bioquímica:

“Com os átomos de um bilhão de estrelas, o acaso cego não conseguiria produzir sequer uma proteína útil para o ser vivo”.(A Criação não é um mito, Ed. Paulinas, SP, 1972)

Isaac Newton (1642-1727), fundador da física clássica e descobridor da lei da gravidade:

“A maravilhosa disposição e harmonia do universo só pode ter tido origem segundo o plano de um Ser que tudo sabe e tudo pode. Isto fica sendo a minha última e mais elevada descoberta”.


William Herschel (1738-1822), astrônomo alemão, descobridor do planeta Urano:

“Quanto mais o campo das ciências naturais se dilata, tanto mais numerosas e irrefutáveis se tornam as provas da eterna existência de uma Sabedoria criadora e todo-poderosa”.

Alessandro Volta (1745-1827), físico italiano, descobridor da pilha elétrica:

“Submeti a um estudo profundo as verdades fundamentais da fé, e [...] deste modo encontrei eloqüentes testemunhos que tornam a religião acreditável a quem use apenas a sua razão”.


André Marie Ampère (1755-1836), físico e matemático francês, católico, descobridor da lei fundamental da eletrodinâmica, cujo nome deu origem ao termo amperagem:

“A mais persuasiva demonstração da existência de Deus depreende-se da evidente harmonia daqueles meios que asseguram a ordem do universo e pelos quais os seres vivos encontram no seu organismo tudo aquilo de que precisam para a sua subsistência, a sua reprodução e o desenvolvimento das suas virtualidades físicas e espirituais”.


H. C. Oersted (1777-1851), físico dinamarquês, descobridor de uma das leis do Electromagnetismo:

“Cada análise profunda da Natureza conduz ao conhecimento de Deus”.

Jons Jacob Berzelius (1779-1848), químico sueco, descobridor de inúmeros elementos químicos:

“Tudo o que se relaciona com a natureza orgânica revela uma sábia finalidade e apresenta-se como produto de uma Inteligência Superior [...]. O homem [...] é levado a considerar as suas capacidades de pensar e calcular como imagem daquele Ser a quem ele deve sua existência”.


Karl Friedrich Gauss (1777-1855), alemão, considerado por muitos como o maior matemático de todos os tempos, também astrônomo e físico:

“Quando tocar a nossa última hora, teremos a indizível alegria de ver Aquele que em nosso trabalho apenas pudemos pressentir”.

Agustín-Louis Cauchy (1789-1857), matemático francês, que desenvolveu o cálculo infinitesimal:

“Sou um cristão, isto é na creio na divindade de Cristo como Tycho Brahe, Copérnico, Descartes, Newton, Leibniz, Pascal [...], como todos os grandes astrônomos e matemáticos da Antiguidade”.

James Prescott Joule (1818-1889), físico britânico, estudioso do calor, do eletromagnetismo e descobridor da lei que leva o seu nome:

“Nós topamos com uma grande variedade de fenômenos que [...] em linguagem inequívoca falam da sabedoria e da bendita mão do Grande Mestre das obras”.

Ernest Werner Von Siemens (1816-1892), engenheiro alemão, inventor da eletrotécnica e que trabalhou muito no ramo das telecomunicações:

“Quanto mais fundo penetramos na harmoniosa dinâmica da natureza, tanto mais nos sentimos inspirados a uma atitude de modéstia e humildade; [...] e tanto mais se eleva a nossa admiração pela infinita Sabedoria, que penetra todas as criaturas”.

William Thompson Kelvin (1824-1907), físico britânico, pai da termodinâmica e descobridor de muitas outras leis da natureza:

“Estamos cercados de assombrosos testemunhos de inteligência e benévolo planejamento; eles nos mostram através de toda a natureza a obra de uma vontade livre e ensinam-nos que todos os seres vivos são dependentes de um eterno Criador soberano.”


P. Sabatier (1854-1941), zoólogo alemão, Prêmio Nobel:

“Querer estabelecer contradições entre as Ciências Naturais e a religião, demonstra que não se conhece a fundo ou uma ou outra dessas disciplinas”.


Carl Gustav Jung (1875-1961), suíço, um dos fundadores da psicanálise:

“Entre todos os meus pacientes na segunda metade da vida, isto é, tendo mais de 35 anos, não houve um só cujo problema mais profundo não fosse constituído pela questão da sua atitude religiosa. Todos, em última instância, estavam doentes por terem perdido aquilo que uma religião viva sempre deu aos seus adeptos, e nenhum se curou realmente sem recobrar a atitude religiosa que lhe fosse própria”.

Werner Von Braun (1912-1977), físico alemão radicado nos Estados Unidos e naturalizado norte-americano, especialista em foguetes e principal diretor técnico dos programas da NASA (Explorer, Saturno e Apolo), que culminaram com a chegada do homem à lua:

“Não se pode de maneira nenhuma justificar a opinião, de vez em quando formulada, de que na época das viagens espaciais temos conhecimentos da natureza tais que já não precisamos crer em Deus. Somente uma renovada fé em Deus pode provocar a mudança que salve da catástrofe o nosso mundo. Ciência e religião são, pois, irmãs, e não pólos antitéticos”. “Quanto mais compreendemos a complexidade da estrutura atômica, a natureza da vida ou o caminho das galáxias, tanto mais encontramos razões novas para nos assombrarmos diante dos esplendores da criação divina”.

Albert Einstein (1879-1955), físico judeu alemão, criador da teoria da relatividade, Prêmio Nobel 1921:

“Todo profundo pesquisador da natureza deve conceber uma espécie de sentimento religioso, pois ele não pode admitir que ele seja o primeiro a perceber os extraordinariamente belos conjuntos de seres que ele contempla. No universo, incompreensível como é, manifeste-se uma inteligência superior e ilimitada. A opinião corrente de que eu sou ateu, baseia-se sobre grande equívoco. Quem a quisesse depreender de minhas teorias científicas, não teria compreendido o meu pensamento”.

Max Plank (1858-1947), físico, alemão, criador da teoria dos quanta, Prêmio Nobel 1928:

“Para onde quer que se dilate o nosso olhar, em parte alguma vemos contradição entre Ciências Naturais e Religião; antes, encontramos plena convergência nos pontos decisivos. Ciências Naturais e Religião não se excluem mutuamente, como hoje em dia muitos pensam e receiam, mas completam-se e apelam uma para a outra. Para o crente, Deus está no começo; para o físico, Deus está no ponto de chegada de toda a sua reflexão. (Gott steht für den Gläubigen em Anfang, fur den Phystker am Ende alles Denkens)”.


Guglielmo Marconi (1874-1937), físico italiano, inventor da telegrafia sem fio, Prêmio Nobel 1909:

“Declaro com ufania que sou homem de fé. Creio no poder da oração. Creio nisto não só como fiel cristão, mas também como cientista”.

Thomas Alva Edison (1847-1931), inventor no campo da Física, com mais de 2.000 patentes:

“Tenho... enorme respeito e a mais elevada admiração por todos os engenheiros, especialmente pelo maior deles: Deus”.

Charles Darwin, famoso autor da teoria da evolução:

“Nunca neguei a existência de Deus. Creio que a teoria da evolução é plenamente conciliável com a fé em Deus. A impossibilidade de provar e compreender que o grandioso e imenso universo, assim como o homem, tiveram origem por acaso parece-me ser o argumento principal para a existência de Deus”.

Voltaire, racionalista e inimigo sagaz da fé católica, que se converteu no final da vida, foi levado a dizer:

“O mundo me perturba e não posso imaginar que este relógio funcione e não tenha tido relojoeiro”.

Eddington dizia que:

“Nenhum inventor do ateísmo foi pesquisador da natureza”.

Paz e bem!
Maria Cunha

Fonte: http://www.cleofas.com.br/



quinta-feira, 5 de agosto de 2010

A Reforma Protestante!

A Reforma Protestante (I)


A Reforma protestante, embora amplamente preparada, surgiu na história quase de repente; parecia tratar/se, a princípio, de uma questão pessoal e puramente religiosa do frade Martinho Lutero, mas, dado o clima em que ressoou, tomou vastas proporções eclesiásticas e políticas, que ninguém imaginava. Infelizmente a obra de Lutero não se tornou aquilo que, havia muito, o povo e os príncipes cristãos esperavam a renovação da Igreja pela eliminação dos abusos, sem alteração da fé e da constituição da Igreja; veio a ser uma revolução eclesiástica e um cisma. Estudemos os fatos.



Lutero: evolução das idéias



Martinho Lutero nasceu aos 10/11/1483 em Eisleben (Sachsen). Teve infância dura, sujeita, em casa e na escola, a disciplina severa. A partir de 1501, na Universidade de Erfurt estudou a filosofia nominalista de occam, com tendência antimetafísica e relativista; tal sistema dissolvia a harmonia entre a ciência e a fé, pois tinha as verdades da fé como irracionais ou impenetráveis à razão; a Moral se fundaria unicamente na livre vontade de Deus.



Certa vez, a caminho da Universidade (02/07/1505), foi quase fulminado por um raio; em conseqüência, fez o voto de entrar no convento (Hilf, St. Anna, ich will ein Mönch werden! Ajuda, St

#8217; Ana, quero tornar/me um monge!). Esta decisão era fruto do temperamento escrupuloso e pessimista de Lutero, que receava o juízo de, Deus sobre os seus pecados (Lutero muito se preocupava com a sua fraqueza e os seus pecados, que o deixavam inquieto).



Em julho de 1505, a revelia do pai e dos amigos, Lutero entrou no convento dos Agostinianos de Erfurt. Em 1507 foi ordenado presbítero, Em 1510 ou 1511 passou quatro semanas em Roma, onde conheceu a vida da Cúria e a exuberância das devoções populares. Isto tudo, porém: no momento não o impressionou muito nem abalou a sua fidelidade à lgreja. Foi nomeado professor de S. Escritura em Wittenberg. Vivia, porém, inquieto ao pensar na sua fragilidade moral e nos insondáveis juízos de Deus; jejuava, praticava vigílias de oração, mas sem conseguir paz. o contato com as epístolas de S. Paulo (especialmente aos Romanos e aos Gálatas) foi/lhe oferecendo uma solução: viu que não se devia importar tanto com aquilo que fazia ou deixava de fazer, e precisava de ficar firme na fé confiança em Jesus Salvador; afinal, dizia ele, é a fé, e não as obras boas, que salvam o homem. Este foi totalmente corrompido pelo pecado original e aí pode senão pecar; o livre arbítrio está vendido ao pecado; não se pode apelar para ele. De resto, a concupiscência desregrada, que é o próprio pecado, é inextinguível no homem. Só Ihe resta confiar (ter fé) nos méritos de Cristo, porque ninguém tem mérito próprio. Quando Deus declara o homem justo ou reto, não Ihe está apagando os pecados, mas apenas resolve não os imputar, cobrindo/os com o manto da justiça ou da santidade de Cristo. Lutero baseava/se especialmente em Rm 1,17; GI 3,12.22...textos lidos é luz das obras de S.Agostinho, que se revelara pessimista em relação a natureza humana; cf. capítulo. 13



Tal doutrina passou a ser o ´´Evangelho´´ de Lutero. Implicava autêntica revolução dentro do Cristianismo. Lutero havia de lhe associar outras teses, a saber: a rejeição dos sacramentos, do sacerdócio ministerial, do sacrifício da Missa, da hierarquia, enfim... de tudo aquilo que fazia a vida da lgreja Católica.



As indulgências



Lutero era, pois, professor de S. Escritura em Wittenberg, quando surgiu a questão das indulgências.



Antes de continuar a história do frade agostiniano, compete/nos explicar o que sejam indulgências. Observemos o seguinte:



1) Todo pecado acarreta consigo a necessidade da expiação depois de ter sido perdoado. Com outras palavras:



O pecado não é somente a transgressão de uma lei, mas é a violação de uma ordem de coisas estabelecida pelo Criador; é sempre um dano infligido tanto ao indivíduo que peca, como à comunidade dos homens. Por conseguinte, para que haja plena remissão do pecado, não somente é necessário que o pecador obtenha de Deus o perdão, mas requer/se também que repare a ordem violada. Assim, por analogia, quem rouba um relógio violando a ordem da propriedade, não precisa apenas de pedir perdão a quem foi prejudicado, mas deve também restaurar a ordem ou devolver o relógio ao respectivo proprietário A reparação da ordem há de ser sempre dolorosa, pois significa mortificação do velho homem pecador ou das concupiscências desregradas que o pecado só faz aguçar.



A própria S. Escritura atesta tal doutrina. Por exemplo, Davi recebeu o perdão dos pecados de homicídio e adultério mas teve que sofrer a pena de perder o filho do adultério (cf. 2Sm 12,13 s). Moisés e Aarão foram privados de entrar na Terra prometida, embora a sua culpa Ihes tenha sido perdoada (cf. Nm 20,12; 27,12/14; Dt 34,4s). Ver também Tb 4,11s; Dn 4,24; JI 2,12s.



2) Consciente disto, a lgreja antiga ministrava a reconciliação dos pecadores em duas fases. Sim, o pecador confessava seus pecados a um ministro de Deus. Este não o absolvia imediatamente (cf. Jo 20,20/22), mas impunha/lhe uma satisfação adequada, correspondente é gravidade das suas faltas; este exercício de penitência devia proporcionar ao cristão o domínio sobre si, a vitória sobre as paixões e a liberdade interior. A satisfação assim imposta, pode ser realmente medicinal, costumava ser penosa: assim, por exemplo, uma quaresma de jejum, em que o penitente se vestia de peles de animais (para praticar tal penitência, o cristão tinha que excitar dentro de si um vivo amor a Deus e um profundo horror do pecado). Somente depois de terminar a respectiva satisfação, era o pecador absolvido. Julgava/se então que estava isento não apenas da culpa, mas também de toda expiação devida aos seus pecados; estaria livre não só da culpa do pecado, mas também das raízes e das conseqüências deste.



Esta prática penitencial conservou/se até fins do século VI. Tornou/se, porém, insustentável, pois exigia especiais condições de saúde e acarretava conseqüências perigosas para todo o resto da vida de quem a ela se submetera. Eis por que aos poucos foi sendo modificada.



3) No século IX a Igreja julgou oportuno substituir certas obras penitenciais muito rigorosas por outras mais brandas; a estas a Igreja associava os méritos satisfatórios de Cristo, num gesto de indulgência. Tais obras foram chamadas ´´obras indulgenciadas´´, porque enriquecidas de indulgências: podiam ser assim indulgenciadas orações, esmolas, peregrinações...



Está claro, porém, que estas obras mais brandas enriquecidas pelos méritos de Cristo só tinham valor satisfatório se fossem praticadas com as disposições interiores que animavam os penitentes da lgreja antiga a prestar uma quarentena de jejum ou outras obras rigorosas. Não bastava, pois, rezar uma oração ou dar uma esmola para se libertar das conseqüências do pecado, mas era preciso fazê/Io com o amor a Deus e o repúdio ao pecado que encorajavam os penitentes da Igreja Antiga. Vê/se, pois, que era e é muito difícil ganhar indulgências.



Mais: ninguém podia (ou pode) ganhar indulgência sem que tivesse (ou tenha) anteriormente confessado as suas faltas e houvesse (ou haja) recebido o perdão das mesmas. A instituição das indulgências não tinha em vista apagar os pecados, mas contribuir (mediante a provocação de um ato de grande amor) para eliminar as conseqüências ou os resquícios do pecado.



Por conseguinte, a Igreja nunca vendeu o perdão dos pecados nem vendeu indulgências. o perdão dos pecados sempre foi pré/requisito para as indulgências. Quando a Igreja indulgenciava a prática de esmolas, não tencionava dizer que o dinheiro produz efeitos mágicos, mas queria apenas estimular a caridade ou as disposições íntimas do cristão para que conseguisse libertar/se das escórias remanescentes do pecado. Não há dúvida, porém, de que pregadores populares e muitos fiéis cristãos dos séculos XV e XVI usaram de linguagem inadequada ou errônea ao falar de indulgências. Foi o que deu ocasião aos protestos de Lutero e dos reformadores.



4) As indulgências podem ser adquiridas também em favor das almas do purgatório. Estas precisam de se libertar das escórias dos pecados com as quais deixaram a vida presente; para tanto, necessitam da grata de Deus, que os fiéis viventes neste mundo podem solicitar mediante a prática de boas obras indulgenciadas. Todos os fiéis que foram enxertados em Cristo pelo Batismo e vivem em plena comunhão com a Igreja, constituem uma grande família, solidária e unida em si pela caridade. Em conseqüência, os méritos de uns redundam em benefício de outros; os atos satisfatórios que as almas retas prestam a Deus, podem auxiliar a outros cristãos, que precisem de expiar, seja aqui na terra, seja no purgatório. Em outros termos: pelas nossas preces, pelas nossas boas obras e pelos nossos atos de mortificação, unidos aos méritos de Cristo, podemos ser úteis não só a nós mesmos, mas também aos nossos irmãos, que devem prestar satisfação a Deus por seus pecados. esta solidariedade que se chama ´´Comunhão dos Santos´´. Esta expressão designa a comunhão de bens espirituais ou de coisas santas segundo a qual vivem os filhos da Igreja. ´´Uma alma que se eleva (que se enriquece de Deus), eleva o mundo inteiro´´ (Elizabeth Leseur).



Eis como se deve entender a prática das indulgências, até hoje recomendada pela S. Igreja, mas freqüentemente mal entendida.



Lutero e as indulgências



Voltemos agora à história de Lutero.



A fim de custear a construção da nova basílica de S. Pedro em Roma, Júlio II em 1507 e Leão X em 1514 promulgaram indulgência plenária para qualquer cristão que recebesse os sacramentos e desse esmola. Foi nomeado Comissário da indulgência para grande parte da Alemanha em 1515 o jovem príncipe Alberto de Brandenburgo, desde 1513 arcebispo de Magdeburgo e administrador do bispado de Halberstadt, desde 1514 também arcebispo de Mogúncia. Alberto era homem frívolo e mundano; contraíra uma dívida de 29.000 florins com os banqueiros Fugger de Augsburgo a fim de pagar as taxas de vidas à Santa Sé por estar acumulando três bispados; então, de acordo com os representantes papais, resolveu que metade das esmolas indulgenciadas ficaria para a construção da basílica de São Pedro, enquanto a outra metade serviria para saldar a dívida junto aos banqueiros.



Ora na Alemanha já reinava prevenção contra as indulgências por causa de abusos de oficiais eclesiásticos. O pregador de indulgências nomeado por Alberto, o dominicano João Tetzel, incorria também ele nesses abusos: afirmava que, para adquirir a indulgência em favor dos defuntos, bastava a esmola sem o estado de graça do doador (o que era errôneo). Quando, certa vez, Tetzel perto de Wittenberg pregava, Lutero resolveu insurgir/se contra o pregador: na tarde de 31/10/1517, à porta da igreja de Wittenberg afixou, conforme o costume das disputas acadêmicas, uma lista de 95 teses em latim sobre as indulgências e pontos conexos (a culpa, a pena, a penitência, o purgatório, o primado papal). A intenção de Lutero era apenas a de combater abusos e por em clara luz a doutrina ortodoxa; na realidade, porém, as suas teses significavam a rejeição não somente das indulgências, mas também do ministério da lgreja em prol da salvação dos homens. Entre outras coisas, o frade agostiniano afirmava:



1) o Papa só pode perdoar penas que ele mesmo, conforme o seu juízo ou conforme as leis eclesiásticas, tenha imposto (tese 5);



2) as indulgências não podem ser aplicadas às almas no purgatório (tese 8 a 29);



3) a verdadeira contrição, sem decreto de indulgências, confere ao cristão plena remissão do pecado e da culpa (teses 36 e 37);



4) à Igreja hierárquica, na remissão das culpas, toca apenas uma função declaratória, isto é, a Igreja apenas pode reconhecer que o penitente já foi diretamente perdoado por Deus no seu íntimo em virtude do seu arrependimento; Ela não transmite o perdão de Deus (teses 6 e 7);



5) Lutero negava o tesouro de graças de Cristo e dos Santos (o assim chamado ´´tesouro da lgreja´´), que é o pressuposto da doutrina das indulgências (tese 58).



Nesta lista de Wittenberg, não aparece a tese da fé fiducial (fé/confiança, mediante a qual o cristão seria salvo), mas ocorre um conceito equivalente ao da penitência meramente subjetiva; a contrição pessoal substituiria a Penitência sacramental; a mediação de Igreja como Sacramento primordial era posta de lado, em benefício de uma atitude meramente subjetiva do cristão diante de Deus. A Reforma protestante se achava toda em gérmen na atitude e nas teses de Lutero.



39: A Reforma Protestante (II)



Lutero de 1517 a 1546



As teses de Lutero espalharam/se rapidamente pela Alemanha e o estrangeiro, chegando até Roma. A Santa Sé mandou o Cardeal Caetano, bom teólogo da época, a Augsburgo para ouvir Lutero (12/14/10/1518); não conseguiu, porém, demovê/Io de suas posições doutrinárias.



O brado de revolta de Lutero encontrou ressonância fácil entre os príncipes da Alemanha, que tinham antigos ressentimentos contra a Santa Sé por questões políticas. Também a pequena nobreza apoiava Lutero, porque da revolução religiosa esperava uma revolução social que satisfizesse aos seus anseios. Entre os protetores de Lutero, começou a destacar/se o príncipe Frederico o Sábio, da Saxônia.



Em 1519 deu/se em Leipzig famosa disputação pública, em que Lutero expôs mais claramente sua doutrina: só é verdade religioso aquilo que se pode provar pela S. Escritura (princípio básico do protestantismo); atacou outrossim o primado do Papa. / os ânimos se acendiam cada vez mais mediante panfletos com caricaturas e sátiras.



Em 1520 (15/06), o Papa Leão X publicou a Bula Exsurge, que condenava 41 sentenças de Lutero, ordenava a combustão dos seus escritos e ameaçava Lutero de excomunhão, caso não se submetesse dentro de sessenta dias. Em dezembro desse mesmo ano o frade queimou a Bula e um livro de Direito Eclesiástico em praça pública. Em resposta, o Papa excomungou formalmente Lutero aos 03/01/1521. Este gesto do Papa exigia tomada de posição clara da parte dos seguidores do reformador.



Lutero interpelava calorosamente os seus compatriotas alemães, principalmente mediante três obras que se tornaram clássicas: o Manifesto à Nobreza Alemã, no qual exortava os príncipes a assumir a reforma da Cristandade, constituindo uma Igreja alemã independente; o Cativeiro da Babilônia, que considerava os sacramentos, regulamentados pela Igreja, como um cativeiro; só ficariam o Batismo e a Ceia, operando pela fé do sujeito; Da Liberdade Cristã, que concebe a lgreja como uma comunidade invisível, da qual só fazem parte os que vivem da verdadeira fé.



Em 1521 deu/se a Dieta59 de Worms, à qual Lutero compareceu na presença do Imperador Carlos V; recusou retratar/se; pelo que foi condenado à morte. Todavia Frederico o Sábio escondeu o frade rebelde no Castelo de Wartburg, onde ficou dez meses (maio 1521 / março 1522) sob o pseudônimo de ´´Cavaleiro Jorge´´; começou então a tradução da Bíblia para o alemão a partir dos originais, obra de linguagem magistral, traço de união entre os partidários do reformador; só foi completada em 1534. No castelo de Wartburg Lutero sofreu crises nervosas assaz violentas, que ele considerava como assaltos diabólicos.



Enquanto Lutero se conservava oculto em Wartburg, a agitação crescia em Wittenberg; os clérigos casavam/se; a Missa era substituída pelo rito da Ceia do Senhor, em que se recebiam pão e vinho sem confissão previa nem jejum eucarístico; as imagens dos santos eram removidas...Mais: apareceu a corrente dos anabatistas, que interpretavam ousadamente o pensamento de Lutero, negando o batismo às crianças (já que o Sacramento só é eficaz pela fé de quem o recebe) e batizando de novo os adultos; preconizavam uma ´´Igreja de Santos´´, cujos membros estariam em contato direto com o Espírito Santo. Posto a par da confusão, Lutero deixou seu esconderijo e voltou a Wittenberg, indo morar no seu antigo convento, já esvaziado de frades e doado por Frederico o Sábio a Lutero como residência; ali o reformador em 1525 casou/se com Catarina de Bora, monja cisterciense apóstata, e teve seus filhos.



Lutero conseguiu, com o apoio do braço secular, restabelecer a ordem em Wittenberg. Mas teve que enfrentar a revolta dos camponeses (1524/25), que, esmagados por tributos, valiam/se da proclamação de liberdade feita por Lutero para reivindicar sua liberdade frente aos senhores civis e eclesiásticos. Thomas Münzer, chefe dos anabatistas, incitava os camponeses a revolta. Lutero hesitou diante dessa insurreição, mas acabou optando pela sufocação violenta dos revoltosos; Thomas Mbnzer foi decapitado. Esta atitude fez que Lutero perdesse parte da sua popularidade; a sua nova ´´Igreja´´ não seria de povo e comunidade, mas de príncipes e regiões. Os anabatistas mereceriam a adesão das classes mais humildes (são os Batistas de nossos tempos).



A situação religiosa e política fervilhava cada vez mais. Muitas vozes de reis, príncipes e nobres se levantaram, ora para defender, ora para combater Lutero. Muitos apregoaram a convocação de um Concílio Ecumênico.



Em 1529 realizou/se uma Dieta em Espira (Alemanha): determinou que não se fariam mudanças religiosas nos territórios do país, de modo que ficaria estabilizada a onda de reforma luterana até se reunir um Concílio Ecumênico. Esta resolução favorecia, de certo modo, os católicos, pois os avanços do luteranismo eram contínuos. Em conseqüência, seis príncipes e quatorze cidades imperais, aos 19/04/1529, protestaram contra a decisão. Este gesto lhes valeu o nome de ´´protestantes´´ em lugar da expressão viriboni (ou crentes) que eles davam a si mesmos.



Os últimos anos de vida de Lutero foram angustiosos para o reformador por diversos motivos: os aborrecimentos e as decepções se somavam aos achaques corporais; via que se alastravam a indisciplina e a procura de interesses particulares nos territórios reformados; os príncipes dominavam as questões religiosas. Lutero depositava suas esperanpas num próximo fim de mundo. Em 1543 escreveu ansioso: ´´Vinde, Senhor Jesus, vinde os males ultrapassaram a medida. é preciso que tudo estoure. Amém´´. / Finalmente morreu aos 18/02/1546 em sua cidade natal de Eisleben.



Após ter jantado pela última vez, diz uma narração duvidosa, Lutero com giz escreveu o verso que outrora compusera em Schmalkalde durante grave enfermidade: ´´Pestis eram vivus; moriens ero mors tua, Papa! / Papa, minha vida era a tua peste; minha morte será a tua morte!´´. Em nossos dias a animosidade que Lutero nutriu para com o Papado e a Igreja, muito se atenuou; têm/se realizado frutuosas conversações teológicas entre católicos e luteranos, que vêm mais e mais aproximando os irmãos entre si.



Avaliação da figura de Lutero



Martinho Lutero é certamente um dos personagens que mais influiram no curso da história moderna não só da Igreja, mas do mundo. Canalizou idéias que vinham do fim da ldade Média: o ocamismo, que dava prioridade à vontade sobre o intelecto, originando um certo antiintelectualismo; o nominalismo, segundo o qual não existem conceitos gerais ou noções universais, mas apenas palavras, que designam realidades individuais o subjetivismo, que foi tomando o lugar do objetivismo (ou dos valores metafísicos). Lutero foi certamente um homem profundamente religioso, dotado de firme confiança em Deus, diligente no trabalho e desinteressado de si. A estes dons, porém, associava/se um temperamento apaixonado, que podia chegar as raias do doentio; uma convicção cega de que tinha recebido de Deus a missão de um profeta; uma propensão à discussão, ao exagero trágico e ao cinismo. Deixava/se guiar pelas emoções mais do que pela razão, principalmente em matéria teológica / o que decorre do princípio luterano de que a fé é alheia à razão. Ele mesmo dizia que ´´nenhuma obra boa se faz por sabedoria, mas que tudo se realiza como que por uma espécie de vertigem ou torpor´´.



Infelizmente as boas intenções de Lutero não levaram ao objetivo almejado, pois dividiram os cristãos e geraram um princípio de divisão até hoje fecundo; o protestantismo se esfacela em novas e novas comunidades, segundo o princípio subjetivo estabelecido por Lutero: cada crente é livre para interpretar a Bíblia como lhe pareça, sem dar atenção a instâncias extrínsecas.



Um dos traços que muito exaltam Lutero aos olhos dos protestantes alemães, é a sua posição na história nacional alemã. Tem/se dito que Lutero era alemão até a medula dos ossos; o seu ódio antipapal correspondia ao ódio anti/romano e ao nacionalismo alemão da época: era alemão também pelo uso magistral da língua pátria, da qual a tradução luterana da Bíblia é um monumento.



As idéias e o movimento de Lutero tiveram seus ecos fora da Alemanha. Vários reformadores surgiram, partindo todos do mesmo princípio: a única fonte de fé é a Bíblia, lida independentemente do magistério da Igreja. Entre esses chefes destacam/se: Ulrico Zwingli (1484/1531), que pregou em Zürich (Suiça) e cujos seguidores sem demora se agregaram ao Calvinismo. Outro reformador notável foi João Calvino, que vai apresentado a seguir.



O Calvinismo



Em 1532 apareceu em Genebra (Suíça Francesa) o pregador francês Guilherme Farel, que pregava idéias semelhantes às de Lutero e deixou a população local em grande agitação. Preparava assim o caminho para outro francês: João Calvino (1509/64).



Calvino estudou Direito na França antes de se domiciliar em Genebra. Era sistemático, organizador, mais consciente do alcance de sua obra do que Lutero. Possuia enorme capacidade de trabalho e sabia ser coerente até o extremo, não se deixando abater por dificuldade alguma; isto o tornou insensível e duro em relação aos seus semelhantes.



Em 1527/8, Calvino, educado na religião católica, passou pela conversão às novas idéias; tendo/as professado, caiu sob a perseguição antiprotestante movida pelo Governo francês. Emigrou então para Basiléia (Suíça), onde escreveu sua obra principal: Religionis Christianae Institutio, que se opunha fortemente à doutrina católica relativa aos dogmas, aos sacramentos e ao culto. De Basiléia, querendo voltar à França para breve visita, passou por Genebra, onde foi detido por Farel, que Ihe pediu servisse à igreja local convulsionada. Tendo acedido, Calvino instaurou em Genebra severa disciplina, cerceando a liberdade de consciência e de conduta dos cidadãos.



A oposição em 1538 conseguiu expulsar de Genebra Calvino e Farel; mas, após três anos de ausência, voltou aquele, gloriosamente chamado por representantes da cidade. Passou então a desenvolver atividade cada vez mais intensa como teólogo e organizador.



A teologia de Calvino, embora se assemelhe à de Lutero, tem seu ponto característico no conceito de Deus. Colocou a ênfase sobre a Majestade e a Soberania divinas, a ponto de dizer que há duas predestinações: uma para a salvação e outra, explícita, para a condenação eterna; Deus não apenas permite a perda dos pecadores, mas impele/os para o abismo. Deus, segundo consta, proibe o pecado a todos, mas na verdade quer que alguns pequem, porque devem ser condenados. Calvino, embora propusesse doutrina tão espantadora, sabia atrair discípulos, pois afirmava: todo aquele que crê realmente na justificação por Cristo, é do número dos predestinados e pode viver tranqüilamente porque a salvação lhe está garantida.



Ao organizar a lgreja, Calvino instituia duas comissões: a Venerável Companhia de pastores e doutores, encarregada do magistério, e o Consistório composto de pregadores e doze senadores leigos, que tinha a tarefa de zelar pela disciplina, à semelhança da Inquisição Medieval: essa Comissão visitava as casas, servia/se de denúncias e espionagem paga; os réus gravemente culpados, se persistissem no erro, eram entregues a um tribunal. Este proferiu, de 1541 a 1546, 58 sentenças de morte; a tortura era aplicada com freqüência.



A população de Genebra teve que se submeter à disciplina calvinista: as festas eclesiásticas foram reduzidas aos domingos; o culto limitou/se à oração, à pregação e ao canto de salmos, com a celebração da Santa Ceia quatro vezes por ano. A vida social tomou,um aspecto tristonho, pois foram abolidos o teatro, as danças, o jogo de cartas, a pompa das vestes. o espírito calvinista é pessimista; por isto afastava/se de tudo o que pudesse ornamentar a natureza humana corrompida pelo pecado.



Calvino declarou a guerra aos humanistas, que eram os libertinos no plano moral; Lutero os aceitara, porque ao menos combatiam o Papado. os calvinistas tornaram/se, em seus primeiros tempos, inimigos da ciência, da arte e da literatura, concebendo uma verdadeira fobia do prazer.



Em 1555 estava consolidada a posição de Calvino como ditador religioso e, em certo grau, politico da ´´Roma protestante´´, para onde confluiam fugitivos da França, da ltália e da lnglaterra. o reformador fundou uma Academia teológica, cuja direção foi confiada ao nobre francês Teodoro de Beza (

#8224; 1605), o mais fiel cooperador de Calvino e seu sucessor. Neste instituto formaram/se jovens de diversas nacionalidades, de modo que se tornou um foco de missões calvinistas. Até a morte (27/,05/1564) Calvino exerceu grande influência, tendo sido denominado já por seus contemporãneos ´´o Papa protestante´´.


Os calvinistas se propagaram pela França, a Inglaterra, a Escócia, a Holanda, países navegadores, que levaram as novas idéias para as terras orientais e ocidentais recém descobertas, principalmente para a América do Norte. A partir da segunda metade do século XVI, foi/lhes dado o nome de ´´Igreja Reformada´´, que se tornou importante força no campo da economia, do comércio e da politica respondendo pelo puritanismo e pelo espírito de conquista de povos anglo/saxões e germãnicos.

Pa z e Bem!
Maria Cunha